09 dezembro, 2006

Consciência 2

Outra coisa curiosa: a relação que eles têm com os junkies (viciados da rua -- quantas vezes tenho que traduzir esse termo?? parei daqui em diante) é de desprezo! Isso me choca, porque são pessoas muito ferradas, que sofrem e que merecem compaixão.

Mas imagino que eles desenvolveram uma relação com essa parte da sociedade igual à que nós no Brasil temos com a população de rua. Se habituaram com o fato, e não o percebem mais -- aqui ainda é mais grave, porque os junkies não são uma ameaça real à sua segurança, então te fazem ainda menos percebê-los.

Eu me lembro de várias vezes ter sido questionado por estrangeiros no Brasil sobre as pessoas que moram na rua. Eles ficam chocados com a situação e com o fato de nada mudar. E eu sempre respondia que era assim, que não podia fazer muita coisa.

OK, os junkies aqui são um caso diferente, porque eles meio que escolheram entrar nessa vida, e porque as soluções possíveis para isso já acontecem. Portanto, não há realmente o que se fazer.

Mas me chocou o fato de as pessoas aqui se referirem aos junkies com muito desprezo, sem ter o mínimo de compaixão. Se acostumaram a considera-los o lixo da rua.

(A propósito, as soluções para isso são oferecidas pelo governo. Os viciados são convidados a entrar em tratamentos, que consistem em dar a eles drogas -- heroína mesmo ou metadona, que é uma heroína sintética -- em quantidades controladas e gradualmente menores).